Pensamentos XXXVI
Desceu sobre mim uma nuvem de pensamentos incertos, escura, que sussurravam mais ou menos assim:
Que será de mim, quando ser eu o transeunte a que alguns poucos dirão: passava todos os dias por essas ruas. Bom menino. Para onde fora, será?
Os pastos e as árvores continuarão verdes e vivos como agora? Onde estará eu a essas horas, para capturá-los em minha alma? Que pergunta tola...
E quando, de mim restar apenas a lembrança, e em alguma conversa aleatória ser aquele que "vocês ficaram sabendo? Morreu mais um por aí"
Os anos passam, a dor dos próximos ameniza. E então, serei aquele que tentarão evitar de falar. O motivo de tantas lágrimas - serei eu?! Como, se nem existirei?
Mas o tempo irá arrastar da existência até mesmo o último fragmento de minha memória. Serei, então, uma vaga impressão, que vez ou outra é revivida nas consciência daqueles que ainda restam: porra! claro que lembro dele, cara. Jamais o esquecerei. Logo o assunto muda, e todos mergulham em suas vidas. E quando o som da minha voz começar a ser esquecida pelas pessoas, e minha imagem, apenas uma borrão num quadro antigo, começar a sumir? E quando ser eu parte daqueles que eu mesmo esqueci? E quando ser eu o esquecimento ao qual apostrofo aos quatros cantos da terra? Sinto medo. Vazio. Nada vêm ter comido. Silêncio. A vida nada diz, porque pensar é iludir-se.
Pensar é saber não sentir.