Paisagens da alma XXIV
Surge-me, de repente, pelo milagre da tecnologia, a foto da lápide de um grande amigo. O coração afofa no peito. E lá está escrito assim: As coisas não precisam fazer sentido, basta valer a pena ___ Renato Russo.
Desceu sobre mim uma tristeza intensa, impossível de controlar as lágrimas; um passado todo é despertado de uma vez em mim, como um vulcão que explode depois de anos em atividade. Pulsa a cabeça, a face febril, lágrimas caem. Sinto frio. Pensamentos começam a surgir, insinuar-se. Lembranças boas, pensadas com ar de tristeza. Memórias tristes pensadas com mais tristeza. Sentimentos revirados, pensamentos quebrados. O nó cortante na garganta engole a fala, se tivesse que falar.
Pudera escrever qualquer coisa que nos relembrasse. Pudera expressar aqui a melancolia na nostalgia de lindos versos. Mas não, pois a vida só anda pra frente. Secam-se as lágrimas no rosto, sinto a dor me levar. Choro. Mas não relembro. Sofro, apenos sinto. Nada penso. Choro, é só chorar. É só um fantasma de sentimento que vai passando, vai passar.
Relembrar é morrer...