Paisagens da Alma II
Vejo tudo como sinto. Chove, e o vento sopra o frio pelos buraquinhos da janela, que uivam na minha alma que desaba lá fora, sobre o mundo. A sensação de calafrios - não física, mas espiritual - distrai minha atenção do tempo, que por isso não passa, se eterniza. Ouço, lamurioso, em cima dos telhados, nas sarjetas, nas calhas a escorrer depressa, nos últimos pingos que ainda caem do telhado, o suspiro da tristeza que se esvai enquanto a alma enxerga sem olhar pra vida. Dorme e sonha, melancólica, a olhar pela janela a paisagem de si mesma...