A dona da foice
Quando Ela chegar altiva
Eu quero ter a lucidez do genocida
Quero estar isento de culpa
E ser capaz de sorrir.
Quando Ela chegar serena
Eu quero ter tempo pra um verso
Quero me eximir de balanços
E, tendo pena, poder falar mal de mim mesmo.
Quando Ela chegar em silêncio
Quero estar em conforto
Me aconchegar em seu colo de tal forma
Que a ela própria cause espanto.
Quando Ela me falar tristemente
Falarei que todo pão foi semente
E que até o linho vira a vela
Que nos faz navegar e partir.
Quando Ela perceber que a quero
Vou abraçar o seu corpo
Lançar um olhar zombeteiro
E dormir sossegado em seu ventre.
Quando Ela me arrastar para o escuro
Sereno, lembrarei meus amores/
Sem resistir seguirei pro futuro.
Para então (finalmente)
Sonhar sonhos de todas as cores...