Pensamentos XVIII
Estou perturbado, paranoico, ansioso e extremamente sensível. Quando estou assim tomo toda a realidade a partir de um gole dos afetos mais baixos cristalizados ainda em mim, e então me apequeno, ressinto, me culpo, cutuco feridas. Bebo-me para esquecer-me na taça da vida e embriago-me de mim mesmo até cair na inconsciência. Perco a integridade interior. A insanidade parece estender-me os braços sorrindo amigavelmente como se fosse a única interessada em dialogar comigo. Os pensamentos se tornam bêbados atrás de mais um gole, mais um gole de ressentimento, de culpa, de sofrimento. Sinto repulsa! Culpo-me por me sentir assim. E sem saber escorrego novamente em meu próprio julgamento.
Em dias assim sinto-me como o efeito de minhas ideias, impressão de meus pensamentos, ser imaginário de mim mesmo. Um sonho de sonhar.
Viver é imaginar.