Direções
N’areia em que pisamos todos os dias, não estamos descalços.
É um cinza enrijecido que faz duro o nosso caminhar, e dolorosa uma queda.
Olho à frente dessa areia que não tem mar e o que vejo são castelos gigantescos. Também são castelos de areia construídos da mesma matéria, mas que só alguns poucos podem levantar.
Agora indicam por onde seguir; apertam nossos passos; fecham nossa liberdade. Em meio a tantas direções, a direção “certa” é só o que há.
A leveza vira esfinge. “É melhor assim” - finge.
Antes já não podíamos voar. Agora mal - podemos andar.
Nem mais o sol tem seu lugar - cedeu o dia a seus ponteiros, de quem somos prisioneiros.
Ainda bem que às vezes podemos a todo esse cinza desobedecer, e seguir na direção do nosso coração. Lá onde as areias não se erguem do chão.
N’areia que não precisa de proteção, nem de nada assim magistral. Simplesmente é onde podemos com nós mesmos nos reencontrar.