Sofreguidão
Meu estigma e enigma, imã de sorrisos fáceis e de tristezas intermináveis. Abominação de minha carnação cansada, minha súplica adorada. Irmã de sentidos, mulher em cetim, vermelha e fraca dominante em mim. Branca e preta e tão linda quanto o raio de um clarão na escuridão. Meu sétimo sentido, pedaço amado e dolorido de minha completa satisfação. - Se amo teu ser querida ? Meus espasmos de prazer tem seu nome no rótulo - o que fazer pra matar a seca no meu leito de risos ? Já que os rios dos meus olhos vazam, tão salgado quanto o mar, mas além do mar, aquém de ti.
Porém tua face me tira tudo, esvai-se a dor, esvai-se a faca, esvai-se a mão. Minha escravidão afaga teus seios, e a rainha de meu tempo, de meus lábios de meus gritos, se torna serena. E meu peito supremo se torna perene, e meu jeito solvente se torna quieto. Já não me importa que falem, se ela me cala, com a cálida voz do meu desespero.