Núvem de fumaça
Minha vontade é sumir.
Não só do trabalho, mas do universo e de todas as suas coisas.
Quero respirar fumaça e nela me tornar um.
Quero sublimar do meu corpo e desaparecer para sempre, numa cúmulus gotejante.
Quero me despedaçar a mim mesmo, às dentadas, a começar pelo pescoço. E me devorar por inteiro, desaparecendo do mapa. Oroboro finita.
Não desejo à fênix sagrada, pois das cinzas vem novamente o fogo. Desejo, porém, a reação contrária, me deixar consumir e das cinzas ao pó e do pó não retornar.
Ou, talvez, quem sabe, desaparecer do nada, sem deixar rastros, sem combustão espontânea, sem água, sem fumaça. Apenas sumir, do nada. Do nada vieste, ao nada retornarás. Mas eu tenho pressa.