Epílogo

Epílogo

Delasnieve Daspet

Uma brisa amaina as horas do sol

que deixa tudo na cor bronze.

Os olhos secos e poeirentos

com força e vigor brilham na face

vincada pelo tempo.

Tempo inclemente,

dia a dia esconde o semblante.

E nos rostos dos passantes procuro uma imagem,

perdida, vaga, farsante, mas ainda em minha mente.

Lembranças que se esvaem no negrume do vácuo

do silêncio que ameniza as verdades...

Nesta vida tudo é questão de tempo,

nos diferentes tons de branco-saudade.

Escrevo meu epílogo.

Jogo fora os " eus " que carrego.

Sou tantas e são tantos os meus " eus “

que já não os quero, nem recordo.

No espelho vejo

eu-viva,

eu-morta

eu-anônima,

eu-passado;

eu-paixão;

eu-grotesca;

eu-funesta;

eu-arrogante;

eu-errante;

eu-passante, cega, pedinte,

Nenhum eu especial....

Todos à deriva, meus e pequenos " eus"

presentes e presos no meu grito,

escancarados, esparramados, encurralados " eus ",

eu-sem-saída, trágico epílogo,

eu-sem-final....

--Delasnieve Daspet_24-10-03_Campo Grande MS

Delasnieve Daspet
Enviado por Delasnieve Daspet em 27/06/2007
Código do texto: T542465
Classificação de conteúdo: seguro