19 Horas

São 19 horas, hora do poeta ir... O pão tem buscas enquanto a flor morre em esperas... Mas, não há mais pão, nem cinza há nas letras mortas do poema... Por isso... Acolhe os restos de trigo e pó. É o que sobrou de mim... Querias tragédias? Tens. Mas, não há mais pão, não, não há... Caem ao chão os últimos pedaços de espera. E espedaçam-se nas brasas as angústias tão queridas. Não, não há mais pão, não, não há... Não há mais pão. Que fazer se afeiçoei-me aos gemidos do fogo que se contorce em uivos sibilantes? Ele sabe devorar horrores e lágrimas de fada... Come os restos de trigo e pó. É o que sobrou de mim... Querias choro, gritos, tragédias? Agora tens! É o espetáculo das dores que invadiu a praça de festas e se derramou aos homens famintos de dor... Por isso, não há mais pão, nem cinza há nas letras mortas do poema... São 19 horas, é hora de ir... A poetisa vai... abrir o portão, fechar as janelas e desligar pra sempre as luzes do coração...