SÃO JOÃO - Festa e Amor

Evaldo da Veiga


“São João acende a fogueira do meu coração”.
Verso de uma cantiga popular bem antiga e
cantada nas festas de antigamente.
Festa de São João, delícia pura, um mundo de emoção.
Aqui, em Niterói, elas aconteciam nos bairros da periferia,
pobre se diverte bem ao ar livre.
Por conta da Igreja havia procissão, aquela gente toda,
andando bem de vagar, uma atrás da outra.
E até uma quadrilha bem treinada apresentava-se sob a chancela
da Igreja. Mas o bom mesmo, era a festa profana, de fé e de tesão,
São João fingindo que não via e perdoando todo mundo, era dia
de festa, e São João nunca foi chegado a cortar nossa onda.
Músicas gostosinhas, pular a fogueira e sentir o fogo da purificação
afastando os maus pensamentos, mas o que fazer daquele 
tesão tão lindo, difícil de segurar?
Os recém namorados, aqueles iniciantes no amor por graças
 de São João procuravam o lugar reservado, que só os mantinhos de antigamente podiam oferecer: se tocavam, 
só encostavam-se à portinha pra virgindade não se ir, por ai afora...
E ficavam no gozo que se repetia...
Até fingiam um para o outro, que nada faziam de saliência, 
era o excesso de amor que acontecia. E no fundo era mesmo,
excesso de amor cumulado com excesso de tesão.
Lindo excesso, sob a égide do querido São João.
“São João, São João, acende a fogueira do meu coração”.

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