Manhã de 12 de maio de 2015
Sempre fui réu confesso e um pouco individualista na escrita, pois ultimamente tenho falado muito de mim (com uma pitada de imaginação, claro). Não nego, não resisto, não reajo nem justifico, – assumo meus defeitos e meu modo de viver a vida –; assumo minhas ignorâncias e qualidades – diferenças e igualdades – minha alta e baixa estima; assumo minha hipocrisia, mas com ela há peleja, há briga feia de faca afiada (sempre fui bom com facas). Assumo meu caráter singular de viver, meu mundo físico e metafísico, meu mundo ou mundinho ou mundão; este que flerta com a realidade fora da escrita e também nessa realidade é casado, sincero, honesto, fiel e feliz... Sou isso, nada além ou aquém, pronto e ponto. Não suporto pensar em viver uma falsa ou verdadeira vida para olhos alheios; só me vejo vivendo o que desejo e desejei. Não tenho tudo que quero, confesso. Mas estou na batalha, sem pressa e sem tormento, para conseguir. Sigo e vivo cada dia, tarde e noite, cada letra que escrevo e invento, aproveitando minha sorte e de uma maneira simples e sem grandes ambições (maneira esta que sempre almejei e trabalhei minha psique arduamente durante muito tempo para isso). E assim começo o rabisco de hoje: provem de caminhos percorridos, escolhas certas e erradas, lugares, muros derrubados, muralhas construídas, bolhas (per) furadas e esculturas cruas ou pré-fabricadas que foram sendo novamente talhadas para tornar-se outra imagem/escultura. Este ser que aqui registra saiu incólume da primeira fornada da vida. Há de se convir que os perigos foram devidamente procurados por mim. Flertei com a morte por inúmeras vezes e de maneiras e em épocas diferentes. Escalei montanhas íngremes e enfrentei mares revoltos, aguentei bocas malditas, falas vis de pessoas atrozes de mal com a sua vida e com a vida de quem não lhe ofertava muito... Passei batido e tranquilo, passei a régua e hoje regurgito lembrando essas “estrumidades” de pernas, bocas e olhos curiosos e sempre a postos para barganhar, fofocar e lançar intrigas e raivas. Estrumes de carne, osso e desgosto que possuem uma espécie de chorume que deixa o seu cheiro ruim, e uma lembrança carregada por meses, mesmo há quilômetros de distância. Depois de um tempo evapora, some, desfaz-se e é substituída por uma leve e doce fragrância de alfazema. Basta manter distância corpórea. Hoje em dia, com o advento da internet e seus infinitos recursos, fica impossível ver/ouvir/ler só o que agrada. Mas deve-se sempre tirar proveito da informação, mesmo que negativa. Ao final do dia a gente faz uma limpeza nos “cookies” e “cocôs” que acumulamos ao longo da navegação. Afinal de contas, dos cantos e dos contos: prisão de ventre não é bom para o corpo. A internet atualmente vive sua era faroeste. Inóspita, terra de ninguém – porém, sem um Xerife. É solo onde cobiçam o ouro e a fama; onde há raros duelos “mano a mano” de igual para igual, pois na maioria das vezes atiram pelas costas. São de uma covardia ímpar, insalubre, pois testam nossas pachorra, opinião e argumentação constantemente. Cobram sem dar em troca, ou, caso deem é resultado que uma procura extrema, extensa de finíssima peneira. São insetos com intentos de perfeccionismo às avessas.
André Anlub