Olhos tristes
Vejo-os assim...
A perderem-se em um horizonte longe demais.
A buscar respostas para perguntas mudas, desejos perdidos e planos esquecidos.
Observo-os em cores tão nuas...
Verdes, azuis, cinza, castanhos... Quase todos perdendo o brilho.
Tristeza cantada e decantada em cada esquina.
À espera de algo que faça sentido. Mas o quê?
A cada cinco segundos uma olhada no email.
A cada dez, no celular.
Uma tormenta sem fim aguardando que algo surja e mude o dia.
Uma tela, uma imagem, mensagens, curtidas, tanto faz.
Qualquer coisa, qualquer fiapo, lembranças, migalhas.
Olhos aflitos...
Sigo-os em tantas partes, encontro-me com eles em tantos momentos.
Às vezes, até no espelho.
Lembro-me de épocas em que sorriam sem preço.
Falavam em sorrisos e abriam portas.
Algumas... Eram da alma.
Hoje são ansiosos, nervosos, grosseiros, inquisidores e frios.
Olhos dos dias, das ruas, dos bares, de tantos lares.
Olhos de ódio...
Olhos sedentos e olhos em eterna busca.
Alguns ainda cultivam alegria.
Outros tantos ainda acreditam.
E no mundo de insatisfação e promessas vazias,
Param momentaneamente à procura de outros olhares iguais,
De algum sentimento perdido.
De olhos que tragam alegria.
Na tarde morna que corre, mas uma visita ao email.
Quem sabe?
Olhos vazios ditam o ritmo da vida.