Fuga
E então você acordou.
É estranho...
A lógica parece diferente, mas eles não.
-Os sentimentos abafados-
Você olha ao redor.
Tudo é dolorosamente familiar...
Vê suas ânsias oníricas abocanhadas -e mais uma vez- a verdade é cuspida:
Ao seu redor existe tudo, menos o desejo de estar.
-Pecados e escravos-
Você fecha os olhos num suspiro .
Dói demais...
Ver sonhos construídos, novamente arruinados por elas.
-As oportunidades paralíticas e as saudades órfãs-
Você tenta relevar e levantar.
Sobreviver...
Como se fosse possível esquecer aquele sonho...
Como se fosse possível terminar aquela estória sem começo...
É possível esquecer a paralisia daquelas mãos?
Fatos entalhados.
Perguntas encalhadas.
No solo da consciência ficou a vontade enterrada.
Num beijo proibido, a verdade do que nunca aconteceu.
Você não tentou. Você fingiu não entender o óbvio.
E agora, quais as opções?
Esquecer ou tornar a sonhar?
Levantar e encarar os frutos rotos daquelas sementes acanhadas?
Não, hoje não. Talvez amanhã.
Você fecha os olhos.
Talvez os sonhos voltem.
Quem sabe as coisas não mudam?
Quem sabe ela ainda...?
Quem sabe...
E então, você dormiu.
19.07.05