15 ANOS!

Recostada na cabeceira da cama, com o coração disparado pela ansiedade, ela aguarda a noite chegar. Ainda é cedo e só lhe resta esperar que o tempo seja generoso e passe logo. Seus longos e lisos cabelos castanhos estão enrolados, embalados em mechas, e isso a impede de sair e até mesmo limita seus movimentos. Enquanto espera, viaja pelas páginas de um livro que chegou em suas mãos nem sabe como. É sobre um pássaro que decide fugir aos padrões de sua espécie, decide voar mais alto, ainda que sozinho, e aproveitar de coisas que seus amigos e parentes desconhecem por não ousarem sair da zona de conforto.

Enquanto lê, a menina vislumbra as cenas, sente o cheiro do mar, ouve os sons das gaivotas. E viaja. Imagina-se rompendo barreiras, conquistando novos horizontes, ambientes ainda não explorados. Em sua mente, vive situações, experimenta novos sabores, sente o perfume dos lugares, das pessoas. Imagina-se estudando em uma boa faculdade, namorando um príncipe encantado, escrevendo livros de poesias, filhos, sucesso, felicidade. E viaja…

As horas custam a passar, as pessoas entram e saem a todo momento, alvoroçadas na organização da festa que acontecerá logo mais, conversam alto, riem. Mas nada imterrompe o sonho da menina, imaginando-se adulta, linda e bem sucedida. Afinal, é isso que significa fazer 15 anos, não é? O ritual de passagem da menina que se tornará moça, pronta para a sociedade. Deixará as bonecas para planejar seu futuro e sua família. Deixará as brincadeiras para trabalhar. Deixará a sapatilha para calçar os sapatos de salto alto. Deixará de sonhar para começar a viver seus sonhos.

“Se o destino é o infinito, o caminho é nas alturas.” A menina lê isso e imagina-se vivendo isso. É esse o destino que deseja, é isso que vai buscar. Seus olhos brilham, encantados com o leque de possibilidades que se abrem à sua frente. E como o pássaro da história, ela voa, voa alto, voa longe.

Posso te ver pela janela, menina, no auge de sua beleza e formosura, em sua mais tenra juventude, em seus sonhos mais puros. Também posso ver seus segredos e seus medos, inseguranças, incertezas. Posso vê-la nesse quarto, ansiosa, sonhadora. Posso vê-la agora, que o tempo já passou depressa demais, muito mais do que você poderia prever.

Linda debutante, assim como o pássaro, você vai descobrir que voar alto não é fácil e dói. Você vai sentir o peso em suas asas, o cansaço chegando, a fadiga tomando conta. Também irá perceber que muitas vezes o céu é de bronze, e que a queda de um vôo que parecia tão maravilhoso pode deixar marcas dolorosas.

Ouça o que o pássaro te diz, menina. “Não se preocupe em tomar uma decisão certa… pois ela não existe”.

Contudo, não desista de sonhar, não desista de buscar, não deixe de voar.

Lamede Sarah
Enviado por Lamede Sarah em 06/07/2015
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