AS PALAVRAS E EU
Quero escrever…. Preciso escrever… Mas as palavras não saem de mim… Eu não as deixo livres…
Estamos brigadas…. as palavras e eu…. não concordamos mais…
Elas me trairam, disseram o que eu não disse, criaram voz própria…
Eu, por não confiar mais nelas, calo-me.
Elas, em contrapartida, sufocam-me.
Por isso, cá estou, brigando com as palavras, brigando comigo mesma, tentando prendê-las, tentando soltá-las…. sem saber o que fazer e o que dizer.
Houve um tempo em que eramos amigas … as palavras e eu… nos entendiamos muito bem.
Eu dizia e elas entendiam. Eu nem precisava dizer tudo, pois elas entendiam.
Elas expressavam exatamente o que eu sentia, o que eu via, o que eu queria dizer. Eramos como almas gêmeas, sempre em sintonia, sempre em harmonia.
Hoje não nos entendemos mais. Digo uma coisa e preciso ficar dando explicações, pois as palavras não são mais suficientes, não são mais claras, não entregam a mensagem como antigamente.
Estou com medo das palavras. Medo de dizer o que penso e sinto, medo de abrir a cortina da minha alma, pois as palavras bagunçaram tanto minha casa que tenho até vergonha de que vejam o que foi feito de mim.
Por isso, mais uma vez, calo-me. Depois do silêncio, volto a calar-me.
As palavras apertam minha garganta até não mais poder respirar, fazendo-me sentir como se fosse desmaiar de angústia. Apesar disso, continuo calada. Prefiro morrer a deixá-las soltas novamente.
Aqui, deixei-as escapar por um pouco, mas já me arrependo da desordem que causarão. Mas, neste momento, elas foram mais fortes que eu.
As palavras e eu… uma relação inexplicável de amor e ódio… de carinho e ofensa… de tristeza e esperança…
Quem sabe um dia isso se resolverá… essa coisa… as palavras e eu… quem sabe?
No momento, calo-me!!