PALAVRAS

Eu escrevo palavras.

Palavras já ditas para você;

palavras já lidas por você;

palavras de amor, alegria, tristeza... mágoas.

Eu leio palavras.

Palavras já ditas por você;

palavras já lidas por mim;

palavras de amor, alegria, tristeza... mágoas.

Mágoas suas, que sei não poder contestar.

Mágoas usadas como escudo;

que servem como abismo;

aumentando a distância, e clamando pelo esquecimento de nós.

Eu li palavras:

“eu renego, acabou.”

Eu li palavras com significado, bem sei.

Mas escondidas pela distância.

Eu li palavras, e sei que outras vou ler...

Da mesma forma que você.

Palavras que vão criar atos que tentem auxiliar a distância;

que tentem mostrar que o escudo nada quer esconder.

De escudos não preciso, e vou seguir lendo, escrevendo... vendo – como de outras vezes.

E o nosso mundo vai girar.

E, o mais engraçado, é que você também

vai estar lendo, escrevendo... vendo – como de outras vezes.

E nossas palavras por vezes se encontrarão.

Talvez acompanhadas por uma lingüinha, por um ar de espanto...

pelo silêncio de uma postagem em branco.

E, quem sabe, um dia, um sorriso ou uma piscadela.

Palavras eu leio embaixo do teu nome...

Enquanto sei que por baixo do meu nome,

palavras você também lê.

E assim o nosso mundo gira agora...

Movido por palavras,

cada qual com um intuito,

um significado...

Acalentadas por um sentimento.

E as palavras vêm e vão...

De forma direta, mesmo que postadas para outra pessoa.

Elas vêm e vão... levadas e trazidas pela distância que ajuda a esconder os olhos;

que impede a voz... que afasta os corpos.

E o nosso mundo gira triste,

querendo se apagar no abismo da distância e do silêncio;

tentando sorrir em postagens que já não são nossas,

e ansiando encontrar... palavras.

Que nos façam sorrir;

que nos afaguem e confortem...

Que nos permitam “esquecer” e pensar que se conseguiu “negar;”

que se conseguiu fazer “acabar.”

E depois... sonhar.

Sonhar que se encontrou o que se quer deixar morrer na distância dos corpos;

na distância de palavras, que apenas tentam negar

o que vai estar sempre em nós.

E o nosso mundo gira.

E a cada giro vou deixando as minhas palavras.

E, em momento algum, com a intenção de falar por você,

pois isso não preciso.

Você fez mais que deixar palavras.

Você permitiu mais que apenas te ouvir.

Você permitiu se deixar sentir;

você se permitiu amar e ser amada...

Se permitiu amar e ser amada

na verdade e na beleza de um sentimento teu e meu.

E é essa beleza e essa verdade que não deixam que palavras,

escondidas na distância, falem mais alto que as palavras

que falam dentro de nós quando a lembrança vem trazendo a saudade.

Balbueno
Enviado por Balbueno em 15/06/2007
Código do texto: T528400