Descontexto

Pititinha, já correndo. Já cantando

Já compondo artimanhas

Do destino

Pititinho?

Só se ria e corria, sem ter

Medo

Porque tinha perninhas fortes, na jabuticabeira . Subia.

Corria, girava, soltava os balões que subiam

No riso frouxo se perdiam

Nas nuvem brancas, castelos.

Dos sonhos poucos, da idade nada. Não

Sabia como seria.

Não se preocupava, porque não tinha

Porque.

Guiava-se pelo vento, pelas noites que caiam

E o jantar que serviam

Cresceu assim sem saber, sem querer

Ordem ou lugar. Regras pra que?

Nas palavras desconexas, tentava bordar o destino.

Mas não tinha.

O dia só começava, quando ela sorria. Lavava o rosto e se ria.

Da desgraça, do moço, do filho ou de nada.

Soerguia pre-gui-ço-sa-mente.

E se ia.

Relógio não sabia.

O pulsar do coração ou o sorriso eram seus guias.

As vontades eram comandadas pelo ritmo incerto de cada hora,noite ou dia. Preferia as madrugadas.

Mas se ia, se erguia e se ria.

Compunha entre os dedos,entre a boca, desconexões tão conexas.

Agradava e desagradava, a si e aos outros.

Não importa. Quem se importa.

Só ia.

Fernanda Garoli
Enviado por Fernanda Garoli em 08/06/2015
Reeditado em 08/06/2015
Código do texto: T5270285
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