Cinzas de uma paixão
Nos vejo num abraço de espinhos. Unindo a dor e o desejo num beijo mortal. Onde a indiferença foi o que mais fez diferença quando sob seu silêncio sepulcral em meu peito se estabeleceu essa doença.
A chuva não foi capaz de aguar as raízes da nossa paixão e, com o sol de dezembro, ela se incendiou restando de cada música e poesia as mais densas cinzas.
Perante o céu escarlate que só tem como futuro o luto, as mesmas promessas pairam e vagam sem que com elas se junte a nós a razão.
Embaixo do mesmo céu rubro, sufocada pelos espinhos deste nosso mais terno abraço, jaz uma paixão.
Ela escorrerá por nossos rostos todos os profanos dias de nossa vida e, assim, trará a próxima ilusão.