De tempos em tempos...
De tempos em tempos, meu coração para de respirar
sempre que olho aquela velha fotografia dos tempos de primavera...
De tempos em tempos, meus olhos se cegam pra melhor enxergar sempre que se lembram de todas as estações que vislumbraram, de todas as flores e folhas e ventos e aromas...
De tempos em tempos e só nesse pequeno espaço de tempo, eu sinto que minha alma já velha renasce num anseio de se amar, de se perdoar, se aceitar...
De tempos em tempos paramos pra perceber o quanto pessoas tão importantes surgem nas nossas vidas e se vão. E todas elas parecem viver num paralelo da memória como se tivesse vivido muitas vidas numa só, muitas vidas, com cada uma.
De tempos em tempos, esse pensamento é sombra a envolver-nos por completo num prostrar-se momentâneo perante si mesmo.
De tempos em tempos, a alma se curva a certas lembranças, certos destinos que foram traçados por linhas tortas e tortuosas...
De tempos em tempos, o sol atravessa as cortinas
e se penetra na minha alma num réquiem breve, porém intenso.
Por um tempo, trás uma paz momentânea e um sentimento de consolo, como se cada sorriso brotado de cada vida que passou pela minha ecoasse nas paredes do meu ser e fervilhasse numa explosão de lembranças felizes.
De tempos em tempos, sinto na boca o sabor desse privilégio, dessa pausa no tempo. Dessa pausa de tudo.
Quando isso acontece sinto como se um sol particular irradiasse no horizonte numa aurora boreal a fim de iluminar os dias sombrios e embora ele desapareça num por de sol magnífico porém triste, sua magia alivia a dor de todos os cortes e feridas, remedia a inconformidade do destino e renova o resquício de esperança que resiste!
De tempos em tempos, eu renasço das cinzas como a Fênix, abro os olhos e volto a voar.