A PROCISSÂO DOS DESERDADOS
A Procissão dos deserdados
Lá vem chegando um clamor como ondas turbulentas, um clamor uníssono, insuportável aos ouvidos dos que só querem ouvir músicas agradáveis num recanto adormecido.
Lá vem chegando um rumor de passos, de vozes que ninguém quer ouvir, pois incomodam: o canto chão dos peregrinos, dos sem formosura, dos desdentados, cor de cuia, sem currículo, sem diploma na mão, sem carta de alforria.
Lá vem, passo a passo, a procissão dos deserdados na travessia do deserto esperando o milagre da terra prometida.
Como ciganos sem pátria levantam o acampamento, recolhem as tendas, arrastando pela mão os filhos pequenos nascidos no pó da terra.
O mercenário chega com balido de ovelha, pele de ovelha e finca no chão a bandeira da guerra santa.
Mas há outro estandarte esperando pelos filhos da concórdia, os pacificadores.
As“Mandalas”, com seus círculos mágicos, oferecem o trabalho, a serenidade, a paz das nuvens e das plantas, a pureza da água, a dignidade sem lutas, sem armas, sem violência.
Projeto mandala, sistema de canteiros concêntricos formados ao redor de fonte d´água, gera trabalho e renda no sertão paraibano, ajudando a reativar a economia
Texto José Augusto Bezerra
Fotos Ernesto de Souza