Valente Valentina

Há pouco mais de um ano você se foi

Levando consigo a metade de mim

Se fecho meus olhos posso ver

O intenso brilho dos teus olhos castanhos

Olhinhos curiosos tão puros

Que me inundavam da mais serena paz

Seu sorriso meigo que alegrava meus dias

Sua suave voz que me elevava a alma

E com meu espírito num majestoso transe

Posso sentir suas pequenas mãos a me tocar

Seus lábios beijarem minha face

E num devaneio ouço o som da sua voz

Há chamar-me de mamãe

De súbito desperto desse Nirvana

E não, você não está aqui

A dura realidade cai sobre meus ombros

Meus olhos trasbordam a dor do meu peito

E me entrego a um choro de profundo pesar

Por uma dor que não acaba

Pela ausência jamais superada

Entre lágrimas e soluços

Tudo me faz lembrar você

Onde estará minha pequena?

Como a vida pode levar de mim

Aquela que amo com toda minha essência

Olho para o lado

Me deparo com sua pequena irmã

Minha outra Maria

A Maria que a vida não tomou

Único conforto para meu coração

Que um dia foi inteiro

É hoje é apenas metade

E as lágrimas param de cair

Pela alegria do saber

Que a inocência da sua pouca idade

Não permite que sinta a dor da sua ausência

Seus verdes olhinhos me fitam

De seus lábios surge um doce sorriso

Que me invade como bálsamo

Aliviando meu ser

É dela a metade viva em meu coração

Guardo pra ti a outra metade

A metade que me foi amputada

E anseio o dia que lhe entregarei

Para que com suas mãos suave

Devolva ao meu peito

Então me farei novamente inteira

Ah minha Valentina

Minha valente menininha

Bem eu sei que estás

Vivi em mim a eterna saudade

E a espera da minha outra metade

Lili Tavares

Lili Tavares
Enviado por Lili Tavares em 10/03/2015
Código do texto: T5164688
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