Valente Valentina
Há pouco mais de um ano você se foi
Levando consigo a metade de mim
Se fecho meus olhos posso ver
O intenso brilho dos teus olhos castanhos
Olhinhos curiosos tão puros
Que me inundavam da mais serena paz
Seu sorriso meigo que alegrava meus dias
Sua suave voz que me elevava a alma
E com meu espírito num majestoso transe
Posso sentir suas pequenas mãos a me tocar
Seus lábios beijarem minha face
E num devaneio ouço o som da sua voz
Há chamar-me de mamãe
De súbito desperto desse Nirvana
E não, você não está aqui
A dura realidade cai sobre meus ombros
Meus olhos trasbordam a dor do meu peito
E me entrego a um choro de profundo pesar
Por uma dor que não acaba
Pela ausência jamais superada
Entre lágrimas e soluços
Tudo me faz lembrar você
Onde estará minha pequena?
Como a vida pode levar de mim
Aquela que amo com toda minha essência
Olho para o lado
Me deparo com sua pequena irmã
Minha outra Maria
A Maria que a vida não tomou
Único conforto para meu coração
Que um dia foi inteiro
É hoje é apenas metade
E as lágrimas param de cair
Pela alegria do saber
Que a inocência da sua pouca idade
Não permite que sinta a dor da sua ausência
Seus verdes olhinhos me fitam
De seus lábios surge um doce sorriso
Que me invade como bálsamo
Aliviando meu ser
É dela a metade viva em meu coração
Guardo pra ti a outra metade
A metade que me foi amputada
E anseio o dia que lhe entregarei
Para que com suas mãos suave
Devolva ao meu peito
Então me farei novamente inteira
Ah minha Valentina
Minha valente menininha
Bem eu sei que estás
Vivi em mim a eterna saudade
E a espera da minha outra metade
Lili Tavares