FEL EM COMPOTAS
Hoje eu só quero sonhar...
Acordar sem pesadelo!
Vou desopilando a mente
Sugando o ar dos pulmões
Num suspiro derradeiro.
Hoje, hoje eu só quero cantar
A canção dos condenados
Por entre as grades as mãos
O olhar e o sujeito
Eis-me aqui velho bardo!
Hoje eu só quero lembrar...
Atinei meus desatinos
Lembrei da velha infância
Vã esperança surreal
Na cabeça de um menino.
Hoje, hoje eu só quero tentar
Vou me arriscar nesse jogo
Que se dane a compostura!
Assumirei como tal
O subjugo do povo.
Se me permites chorar
Lágrimas de crocodilo
Poupar-lhes-ei deste insulto
Eu me acovardo; me esquivo
Contrariando o que digo.
Hoje, hoje eu só quero um trago.
Fingirei que desistir
Entregarei-me ao marasmo
Não carregarei o fardo
De um déspota aprendiz.
Hoje, hoje eu mereço um drink...
Degustarei sem revolta
Bridaremos o desamor
O desencanto a dor
E o meu Fel em compotas.
Hoje, hoje eu consigo enxergar
Os abutres sobre a rua
Te dar-te-ei minha vida
Declaro então sem saída
A carne é fraca e a alma é nua.