Mãe
Aos trinta e três anos de vida
Perdi minha Mãe querida
Foi um golpe tão profundo
Fiquei magoada com o mundo,
Pois na minha ignorância
Pensava desde a infância
Que Mãe da gente não morria
O susto foi grande
Ela aparentava estar bem
E fiquei um ano sem vê-la
E só pude matar a saudade
Somente por três dias
E até hoje meu peito invade
De um enorme vazio
Dezessete de Julho de Mil Novecentos e Oitenta e Cinco
Levantei-me as sete horas da manhã
Fui ao quarto da minha Mãe
E ela deitada de lado
Com o semblante arroxeado
Parecia pensativa
Mas Papai do Céu a tinha levado
Chamei baixinho por ela,
E não atendendo ao meu chamado,
Gritei bem alto, Mamãe!
E ela permanecia calada
Saí que nem uma louca
Chamando por meus parentes
Corri como um autômato para as ruas
Não queria acreditar, naquela cena inesquecível.
Voltei para casa, pensando ter tido alucinação
Mas era pura verdade
Minha Mãe já estava com o corpo enrijecido.
Um irmão olhava para o outro em silêncio
Não sei o que se passava na cabeça de cada um
Venho o laudo do médico.
Parada cardíaca!
Houve pânico, choro e tristeza
Pois na véspera conversei com ela até as vinte e três horas
E não se queixou de nada.
Era inverno, e foi o dia mais frio do ano
E ver minha Mãe em uma Urna,
Coberta por margaridas
Me deixou petrificada!
Peguei no seu rosto e em suas mãos
Minha Mãe estava gelada
Fiquei firme mas não por ser forte
Parecia que ela estava dormindo
E pensei:
_ A qualquer instante ela irá acordar daquele pesadelo
Assisti a missa de corpo presente
Mas não fui ao cemitério
Voltei para casa da minha mãe
E na minha cabeça tudo girava, sentia tudo irreal.
Assim fiquei por uns quinze dias
Então tudo foi se encaixando
E não sentindo minha Mãe presente,
Dei vazão ao sofrimento
Chorei bem alto, não sei por quanto tempo
Gritava por ela e tudo ficou triste
Com apenas sessenta e seis anos de idade
Deus quis chamá-la
Este ano faz trinta anos que ela se foi
A saudade é tanta
Que parece que foi ontem
Por isto mando um recado
Quem tem a Mãe presente
Não a magoe e seja sempre seu amigo(a)
Eu não tenho peso na consciência.
Tudo que esteve ao meu alcance
Fiz por ela em vida.
Depois que jaz em um túmulo,
Não adianta flores nem vela
Quando se encontra presente,
Faça o melhor por ela
Não a deixe no abandono
Converse, seja amigo(a)
Envie cartas, cartões em datas comemorativas
Desde a infância assim o fiz
O corpo frio na terra,
Só precisa de um jazigo,
Para lembrar, aqui jaz fulano(a).
Entra ano e sai ano
A Mãe está presente em nossos corações
E ao recordar vem as emoções
E deixamos a vida nos levar
Tem momentos que a saudade é insuportável,
Então choramos, sofremos e amamos
Saudades da Mãe que nos deu a vida
Da noite que teve mal dormida,
Quando o filho estava doente
Mãe é tudo!
Desabafo do filho irritado
Mesmo a fazendo sofrer,
Este filho por ela é amado
Passei a odiar o número sete
Pois minha Mãe se foi por volta das sete da manhã
O mês era sete, o dia era dezessete
E ela iria completar sessenta e sete no dia vinte e sete
Coincidências da vida
Só sei que não há hora e nem dia,
Quando Deus nos chama.
Quis o Pai que ela estivesse na cama.
E mesmo depois de três décadas
Que saudades eu sinto
Da minha querida Mãe
Hoje me ponho a pensar:
_ A idade está chegando para mim
Então tenho que aproveitar
E aguardar o dia que o Senhor me chamar
Tenho três filhos e aí vem a pergunta:
_ Será que eles irão sentir a minha falta como sinto da minha Mãe?