Vermelho Sangue
Rabisquei o céu de vermelho com o meu olhar contestante pela manhã: sempre achei que o azul não é a cor conveniente para o que chamam de empíreo. Há uma impureza na minha oração. Há um quê divino no meu delírio. Há uma santidade na minha perdição. O meu correto é ao avesso.
E hoje, quando o céu adormecer, logo mais, na boca da noite, ainda estará rabiscado em vermelho a minha mais doce ilusão: revelar a mentira do divino Deus, aquele punidor para a maioria de nós. Estará lá, na porta do céu, manchando os sapatos divinos, os meus pecados na cor vermelha. Vermelho vivo, vermelho sangue.