SIMETRIA

Nem os lados são iguais, tampouco os dias.

Dias de paz trazem o bálsamo de querer vivê-los e revivê-los.

Dias de incertezas, se dividirem-los ao meio, de um lado são imersões em preto e branco, do outro o arco-íris multicor.

Dias de lutas apresentam duas faces da moeda, uma enfrenta sem pudor, outra defende sem dor.

Os dias são assim, desiguais desbravados até dormirem mansos, onde em terreno fértil foi semeado hoje o grão, que amanhã será semente germinada, e depois de amanhã será sombra fresca e precisa. Mas os dias também são iguais, ao nascer e ao morrer da luz que clareia as horas, na esperança que movimenta o corpo na direção certa. São iguais no breu da madrugada que é oposto ao dia, em que a ausência do astro rei, desvia o olhar para dentro nos preparando para recomeçar o plantio.

Pouco importa se um lado e outro se correspondem, porque não podemos esperar que o hoje seja igual ao ontem, e não podemos agir hoje como antes.

São espontaneamente assimétricos os dias vividos, mas podemos vislumbrar com bondade os dois lados. Ora como se estivéssemos no topo de uma montanha, colhendo a única flor daquela paisagem mórbida. Ora como se estivéssemos sentados à beira mar, admirando a força das ondas e nos sentindo como elas.

Barbara Freitas
Enviado por Barbara Freitas em 18/02/2015
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