Dueto.
E ele chegou, sorrateiro ainda, como se não esperasse uma resposta minha. Mas veio, assim, valente. Bravo, e com palavras convincentes. Chegou, brigando com as palavras doces e salttantes que lhe saíam da alma; mas que se guardavam, com medo de reprimenda. Chegou vestido de homem, sem saber o que encontraria.
Ela podia ser uma musa, uma luz ou uma deusa qualquer, colocada em pedestal. Mas queria ser humana. De carne, osso e almofadas nas costas, pra ele ter onde pegar quando quisesse um afago. E ela deixou-se achegar à sua chegada, como se não soubesse. Da sua silenciosa e "more than deep" olhadela de descobrir o que lhe ia na alma.... Corou, de medos... e de sensibilidade.
O homem-luz vestiu as armas de poeta e deixou o ator que em si habita reviver as artes de amar. E se sabia sensual, pois se sabia sedutor. Mas se sabia homem, e se sabia alma, antes do homem. E se sabia gostar, perto das outras. Mas se sabia amor, depois dela.
O homem-poema acariciou a pena e sabia os desenhos e versos e cartas que rascunharia pra ela. E sabia de cor as músicas do Mílton, e de Cazuza e até Caetano... E sabia de cor cantar pra ela um dia colorido atrás do outro - riso que se vinha - que se viria mais que dentro e depois do outro...
A menina-rima se contorceria diante da distância poética. Era uma menina.mulher-poema-verso-verso-melodia... Era uma menina. Guardada na mulher que ele via. E ele via a boca enorme e a carne que ela lhe traria em beijos suculentos. E ele viha os olhos "eyeliner - darked" delineados... E ele via as unhas lhe cravadas em carícias... E ele via as coxas, a cintura e os seios fartos. E ele via os corpos em sincronia. E ele via suores e corpos despudorados.. E ele via simplicidade e completude. Ele via a mulher, a menina e o poema.
Mas ela via o homem reluzente resguardado em menino. E via o olhar tímido diante de tanta beleza imaginada... E via que ele sozinho não saberia lidar com tudo aquilo: um sentimento transbordante: a estada, a chegada, os adjetivos e os verbos. Uma lágrima negra escorreu do canto do olho delineado....
Abraços-laço-de-fita. Abraço azul-anil e lilás, e Djavan cantando e flores... E o vestido dela balançando, vento valente, desafiando... E o olhar dele rodopiando, em torno da saia rodada.
Mãos dadas. Namorados. Poemas. Apaixonados. Homem. Mulher. Adolescendo denovo?!? Compondo!
Dueto....