O solteirão
Tiitão
Iguále fuirmiga pa-trabaiá
catava lenha todo dia pramode cuzinhá
A chuvinha fina da madrugada aquele dia o terrêro moiô
mais a labuita du fugão nada afetô
A paia fria
o fogo ainda atiçô
condo a cara na boca du fugão
Tiitão botô
Cas-mão na iscadêra a anca invergô
Incheu di-are-us puirmão
di tále foirma quias batata dus-zói
inté regalô
Soprô, soprô, soprô
Di tanta insistênça
in'meio a cinza di transantonte
brasa pra atiça o fogo
Tiitão achô.
O tição durmidô
qui trêis dia havia quêmado
ainda feiz: fejuada, mocotó, vaca-tolada
coisa de matuto pra macho divera
gente animada
Pra cumpretá a ciata
e alegrá as criançada qui nus finár de semana o visitava
apruveitava o fogo atiado
fazia doce de figo, de leite, marmelada e uma gamela chiinhazinha de goiabada.
Tiitão era home divera
sanfonêro dus bão
honesto e trabaiadô
rezadô de fazê jijum e guardá
dia santo
Nunca cunsigui intendê
pruquê in-meio a tanta fartura e organização
Fruta, carne, verdura e quitanda
Vazia ariada
barro branco nas parede e bós-di-boi virdinha no chão
Imperava naquela vida a solidão
Tiitão dizia apriciá uma tále donzela
vivia falano nela
mai-nunca casamento arriscô
Se era verldade num sei
pruquê pra nóis ninguém, nem nome, o sortêrão jamais apresentô
Eu cá, penso qui era coisa da sua cabeça
uma discuirpa carquér
só praqui nóis num ficasse juirgano
quêle num fosse chegado nu bicho
chamado muié.