Solilóquio II
Vaguei pelo corredor e passei a mão no velho caderno surrado... Derramei um pouco de mim nas páginas.
Fui para o quintal, a noite morna acariciando a minha pele e as estrelas mergulhando em meus olhos, queria não escrever meus pensamentos em qualquer papel que vejo, mas sempre espalhei pedaços de minha alma por aí...
Talvez para o vento espalhar sementes de mim!
Sou prisioneira em busca do banho de sol, mas que se contenta com banho de lua. Meu cárcere se faz de palavras sufocadas, que impedi de sair, entalaram na garganta!
Me embebedo de sereno e brindo o ser patético que a lua caçoa. Eis aqui aquela que dança com a solidão à luz de prata.
No íntimo o desejo crescente, porém tão simples de apenas pertencer a si mesma! No entanto, só este momento me pertence.
Minhas palavras também precisam respirar a liberdade, solto algumas ao vento, outras no papel, outras prendo ainda no pensamento... Se solto todas, o preço que eu pagaria seria o peso de mais um fantasma a habitar no meu lado sombrio... Mais um...
Resta-me apenas apreciar o delicado e prazeroso som do silêncio e abraçar essa noite tranquila que me deu de presente este ar sereno...
Lavo minha alma no rio de palavras que consegui expor nessas linhas e saboreio o gosto doce e suave deste raro momento de pertencer apenas a mim mesma!