Cicatrizada

Lá estava ela. Linda, vermelha, redonda, lua.

Acompanhou-me sorrindo toda a estrada.

Eu olhava ela olhava.

Eu sorria ela sorria.

Era só uma lua me acompanhando no céu.

Lá do alto olhei mais atenta e avistei a cicatriz.

Espantei.

Ferida cicatrizada, fechada.

Tentando lembrar o motivo cheguei.

Desci e encarei.

Olhei o punho, também cicatrizado.

Não lembrava do que a mancha: a minha e a dela.

Entrei, sai e insisti. Nada.

Deitada olhava a janela, ela de lá cismava.

Do punho o fogo. Distração de segundos.

A dela um punhal profundo. Lamina afiada de uma esperança tola.

Dormimos eu e ela.

Ela rodando o céu de uma ponta a outra.

Eu encolhida na cama, sem sonhos.

Dia feito, a cicatriz escondida, ficou a lembrança morna, empoeirada, envelhecida.

Até mais lua, nua, cuidado comoutros punhais.

21.35 h de hj, de 21.35 h de antonte.

Lu Siqueira

Baronesa
Enviado por Baronesa em 09/01/2015
Código do texto: T5096583
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