Fastio

Era de uma pureza enfastiante.

Era de uma candura e de uma dignidade tal, que incomodava a toda gente.

Era tão feliz e amigável naquele seu mundo de sonhos perfeitos...

Acreditava em toda a gente, era solidária e prestativa.

Tão cândida!

Sorriso no rosto, leveza no coração.

Via o mundo como realmente é, mas acreditava nas pessoas e em sua capacidade de ser melhor.

Dava sempre muito de si a quem pouco ou nada se importava.

Via as adversidades todas como acréscimo e aprendizado.

Divagava em seus lunáticos sonhos de que as pessoas recebendo carinho e amor, poderiam retribuir de algum modo a alguém.

Sempre animada, feliz e solidária.

Nunca perdia o humor, nem a paciência.

Era magoada, enganada. Perdoava sempre, compreendia sempre.

Machucou-se muito, seguia sempre sem se abalar.

Mesmo receosa, tentava acreditar e dar novas chances.

Cai e se levantava repetidamente.

Cansou-se de tudo.

Cansou-se de todos.

Se foi para sempre.

Fernanda Garoli
Enviado por Fernanda Garoli em 27/12/2014
Reeditado em 27/12/2014
Código do texto: T5082915
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