NA COMPANHIA DO SILÊNCIO

Silêncio...

Mais uma vez chegaste,

e tua ruidosa voz por mim chama.

Tua imobilidade acompanha o vagar de meus pensamentos.

E em meu olhar tu não enxergas nada além do desejo de aqui não querer estar.

Quieto, me olha pelo quarto caminhar,

guiado pela luz que vem de um poste solitário na calçada.

E eu, solitário como êle, vejo refletido nos pingos da chuva que batem na vidraça as lágrimas que meu rosto lavam.

Silêncio...

Que mais uma vez ri do homem que para o telefone olha;

que não entende a razão que possa o homem ter para não telefonar,

já que tanto anseia o toque do telefone ouvir.

Silêncio...

Que mais uma vez faço de confidente;

que mais uma vez me vê chorar;

Que mais uma vez tenta me proteger e confortar.

Silêncio...

Que sabe não poder ao homem dar calor, afeto, carinho ou amor;

que entende minha dor, mas não aceita meu tolo orgulho;

que sabe que apenas quero a voz de meu amor ouvir.

Vem...

Vem, meu silêncio.

Vem e me deixa sentir em você

o que o orgulho de minha amada

permite que ela me deixe sentir essa noite:

Silêncio.

Balbueno
Enviado por Balbueno em 30/05/2007
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