O LUAR E A HUMILDADE DAS LAMPARINAS

O sol escondia no horizonte. Descompromissados como sempre fomos, e com aquela nossa alegria ingênua, meus colegas de infância e eu, deliciávamos em nossas brincadeiras. Éramos também parte do elenco ecológico no advento daquele belo espetáculo. O sol se punha e o horizonte tingia sua franja com o magnífico escalate  do colorido boreal, e o crepúsculo puxava o manto da noite. Vinha a lua toda risonha esparramando seus encantos sobre aquele cenário dominado pela soberania da natureza.
O cortinado de estrelas cobria o universo e o nosso mundo criança se tornava encantador. Ilustrado pelas lacraias no seu constante piscar de luzes, escoltadas por vaga-lumes, que em atalaia riscavam os espaços manchados pelas sombras dos arvoredos provocadas pela luz do luar. Imitando humanos; com seus estridentes gritos os urutaus de bicos escancarados ao longe no cerradão, quebravam o monótono silencio da noite após engolirem os mosquitos atraídos pelo mau odor do seu hálito... Foi, foi, foi, foi, foi!
Não menos selvagens nós moleques de pés descalços e cabelos desalinhados, éramos também parte da magia noturna, misturando-nos aos murmúrios e encantos projetados pela biodiversidade da natureza. Enquanto a noite não silenciava e o sereno não vinha para orvalhar os campos e os prados, a lua era soberana a passear sobre os telhados que ocultavam a humildade das lamparinas. Altaneiro e vigilante são Jorge exibia seu potencial encantador, enquanto nós meninos... Apenas sonhávamos o admirando como um valente guerreiro!
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 15/12/2014
Reeditado em 08/06/2018
Código do texto: T5070152
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