O Incriado
Eu não habito um corpo, eu habito o espaço.
Não tenho pele, não tenho sangue, não tenho cheiro, vestido de vazio.
Ando com os olhos, enxergo com os pés, sinto frio na alma, e o meu corpo é um vulcão. Sou avesso, ao contrário, abstrato, consanguíneo do nada, inflexível. A minha sorte é arredia, é decepcão, mas eu não desisto, tal qual o demônio busca o paraíso.
Eu sou o tudo, eu sou o nada, eu sou Deus, eu sou o Diabo, eu sou o incriado que nasce e renasce como a água, que brota no fundo dos teus olhos.