Taciturna

A escuridão a excitava. Gostava das sombras e de imaginar monstros sob a silhueta da lua.

Não tinha medo. Nunca teve. Conversava por horas com figuras imaginárias, criadas pelo jogo de luz e sombras no jardim.

Se havia névoa, melhor! Tudo parecia mais misterioso. Seu coração, então, disparava. Era tanto pra imaginar!

Cresceu assim: apegada à solidão. Amiga das fases lunares. Brincando de esconde-esconde com a neblina. Contando segredo às formas sombrias.

Ser estranho, canhoto, enigmático.

Mudou-se. Na cidade, perdeu o luar. As sombras eram traiçoeiras. Como agora imaginar? Onde agora se esconder?

Virou poetisa. Submergiu no mundo das palavras. Oculta-se em metáforas, joga com antíteses, cria raras rimas.

O coração, de novo, dispara: ritmadamente!

Ser estranho, canhoto, enigmático...

VALERIA DA SILVA
Enviado por VALERIA DA SILVA em 09/12/2014
Reeditado em 12/12/2014
Código do texto: T5064090
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