Nenúfares
As cores das nenúfares ainda habitam minha imaginação
Com elas, passeio em dias de chuva
Pelos jardins do pintor de outrora.
Nas minhas memórias, vagamente eles também são meus.
Piso os musgos dos bosques criados
Com pés inefáveis que não machucam nem o solo, nem os sonhos
Lanço ao ar as sementes das flores da fantasia
Seus perfumes, brincam no ar da noite e calam corações.
Quem me dera pintar quadros reais do que habita tantos planos
Ser suficiente em falas, gostos, gestos, formas e defeitos
Saber fazer a música das esferas
E na magia dos mundos criado e concreto ter sempre a mesma ternura.
Eu olho as mesmas janelas de tanto tempo
Busco a chuva encantada que alimentava canteiros
E com eles o alimento da alma, do sorriso gratuito e perfeito
Chuva minha de todos os dias que se vão.
Os sons das nuvens ainda cantam para meu coração.
O vermelho e o verde, leões da alquimia guardada
Ainda insistem na transmutação do cansaço em alegria.
Em silêncio, eu vejo seus reflexos todos os dias.
Um porto, um vinho de mesmo nome
Quem sabe agora mais fortificado
Quem sabe agora já saciado
Quem sabe agora com gosto ainda mais raro!
As nenúfares brincam diante dos meus olhos
Saem das águas,
Crescem em pedras, estradas, frestas e espalham suas cores...
Promessas de novos dias, velhos sonhos.