O que vem no vento
Ah essa vontade ilusória de que um dia você irá acordar e nada estará como antes; a dor vai passar e as lembranças vão morrer porque nada é eterno mas, enquanto se vive, tudo é eterno. Memórias sempre vêm com o vento, mesmo quando você escolhe o oposto do que a bússola mostra, tudo está exatamente como estava; às vezes empoeirado, mas é como um frasco do qual mesmo longe você vai recordar seu perfume. Aqueles livros com histórias parecidas com a sua estão na estante; você não os pega, mas já leu. Aquelas palavras gritadas às paredes fazem parte do seu diário. As folhas podem ser queimadas e trituradas como seu coração foi, não adianta, os cacos ainda deixam cicatrizes. Há aquele episódio cintilante na tela quase vazia que você ignora. Você pode não ser protagonista da sua própria histórias mas as estrelas falam por você; elas ouvem todos os seus suspiros. Você pode fingir que inexiste, mas o seu olhar irá expor absolutamente tudo para quem pular a janela de sua alma, já que as portas já se fecharam há muito tempo.