À VISTA
Quem me vê assim, distraído,
Percebe logo de cara
Por trás do olhar caído há alguém que se contrai.
Quem me olha, então, contraído
Mal sabe se há descontração
Uma festa se prepara na visão que alguém me faz.
Se, quer a minha alegria – feche os olhos,
Caso ambiciona o tanto faz – então tanto fez.
Mas se tenta em me ver triste, escancare a sua vista, o que enxerga é só falência, é só um atraso, é só um problema que não vai ser resolvido.
Entre um olhar que se distrai e aquele contraído, há alguém pra não ser visto. Ou bem visto, se puder. E se der pode ser mal visto; pode ser sumiço, pode ser qualquer.
Todo esse olhar não me interessa.
O olhar que sai de mim é sem egoísmo ou nem altruísmo
O que me importo: é se me vejo
e percebo o outro que se vê em mim.