Não existe amor em SP
A tristeza é inebriante quando meus pés tocam um chão da mesma cor dos céus. A poeira sobe e forma ondas de calor, o ar denso me sufoca. Caminho e caminho e caminho, procurando por uma sombra, mas nesse horário a sombra projetada pelos altos muros e edifícios não me alcança. O sol se esconde por alguns segundos por trás das espessas nuvens de poluição. Respiro fundo e sorrio, nervosa.
A noite chega e procuro insanamente por um alívio. Mas as estrelas não existem aqui. Tudo é denso e opaco, como uma chapa de chumbo pesando sobre meus ombros. A cidade nunca se silencia. Minha cabeça roda e roda e roda e os sons não cessam. Meus pensamentos se confundem. Tenho vontade de chorar, mas a garganta seca não permite.
O quarto nunca fica escuro. Passo a madrugada ouvindo o som das sirenes e dos gritos, e olhando para os moveis empoeirados ao meu redor. Os preciosos minutos se esvaem como areia por entre os meus dedos. O sol começa a bater na janela. Sinto calor, tiro as cobertas de cima de mim. Fecho os olhos e minha cabeça explode. É o despertador.
A tristeza é inebriante quando meus pés tocam um chão da mesma cor dos céus.