Enquanto houver palavras
Há coisas que quero esquecer como uma chuva forte que já passou.
Há sementes que quero lançar, há frutos que quero colher.
Há páginas que quero virar; Há finais felizes que quero ler.
Quero que haja riso capaz de lavar toda alma, como raios de sol acobertando flores. Quero ver flores.
Não há mais uma guerra a se lutar - Quero me preparar para novas batalhas. Batalhas nas quais eu queira pelejar.
Há...
E enquanto houver estarei aqui e só direi adeus quando mais nada houver.
Ainda há um amor a ser encontrado. Ele nasce sempre perdido para poder morrer ao lado.
Ainda há, sim. Há dezenas de bem-aventuranças por aí liberadas.
Há felicidade adiante, pois atrás está a tristeza. Opostos que se traem.
Oh, Criador! Cuja palavra mágica bem o conheces - "Haja". E tudo se faz, Vivo Verbo!
E enquanto passam céus e terras, suas palavras vão permanecendo.
Pois...
Há vales povoados de infinda paz.
O que é eterno não se vê.
A aliança de várias cores impalpável é, mas ela sempre estará lá na sua intacta forma. Não se desfaz, tal qual nuvens, ou se desbota.
Não é uma mera criação - É a tua palavra que está lá.
É a tua promessa, firme e imutável. Esta, deixaste-nos enxergar.
Há precipícios? Sim, mas tua mão me segura. Há escuro? Sim, mas há lâmpada. Há medo, temores? - Há asas.
Há solidão? - Há salmos. Há frieza? - Há o fogo!
Há setas? - Há o escudo.
Oh, Altíssimo! Criador das palavras, o próprio Verbo... Contemples as dos viventes! Leia-nas!
E enquanto houver palavras a serem ditas, haverá amanhã. Haverá um amanhã que não irá querer ser esquecido.
Ele será belo, pois haverá palavras Tuas.