Déjà vu
Estava impaciente. As lágrimas secaram. Secaram, secaram, não saem... Tristemente. Triste saber que nem as lágrimas mais sairiam.
Começou a caminhar, tentou desviar-se de si mesma.. mas pra onde fugia.. sim, estava lá! Tentou sorrir das intempéries da vida. Tentou sorrir, ainda. Mas não quis, não deu, não foi...
Estava frio. Não, estava com medo, num cansaço desigual e injusto. Cansada dos fatos, dos dias recentes, triste, chateada... num cansaço tão moral quanto a sua dor física.
Os joelhos adiantavam que as pernas estavam decadentes. Fez um mistério enorme sobre o que pensava. Não quis dizer, afinal, nem pra si mesma. Trancou-se num quarto deserto, com uivos e gritos e pedidos de socorro que ninguém ouviu... nem mesmo teus ouvidos fatigados.
Sugeriu que reparar as ordens e os fatos não servia pra nada, senão pra lhe fazer mais ainda deslocada do imenso grupo de pessoas. Denovo, um mar de rostos. Hoje, ninguém a procurar, a ver, a querer lembrar.
Lembrou-se do mesmo eu que a magoara tanto. Sentiu pena de si mesma, não quis que ele a visse mais tão decadente. Estava certa de que o que ainda os unia era a ingênua admiração que ele ainda tinha.. Mesmo depois de tudo.. Sentiu que vê-lo era inevitável, até porque se alguém ainda podia ajudar esse alguém era ele...
Sentiu medo das mãos esfriarem. Sabia que congelariam na sua presença, talvez não mais por gostar, mas por carência... Se amariam eternamente, em segredo. Nunca foi pra ser, não quis pedir ajuda. Mas ele pressentiu....Eles sempre pressentiam.