Perfume

Novamente me assento à companhia do tempo, ao som dos precários sussurros do vento. E respiro suave, quase imperceptível. Quando o ar entra delicadamente em minhas narinas, mistura-se às lembranças dos beijos teus, e sossega aos braços da memória minha, relembro o exato momento, remonto os segundos, o exato perfume. Perfume agora impresso em minha alma e cachecol. Aquele cheiro de palavras afoitas. Posso quase transladar-me àquele momento. É como estar lá novamente, no instante em que meus braços deixaram os teus. Palavras afoitas. Se eu lembrar teu perfume remonto os segundos de paz. E revivo a guerra que um instante refaz. A guerra de ver-te indo, levando consigo o perfume que o dia me traz. É o cheiro das tardes com chuva, dos beijos, olhares, anseios. É o cheiro de estar esperando alguém a todo instante, e sentir saudades antes da ausência. É o cheiro de olhar dentro dos olhos, e tocar a face com os lábios em sonho. É o cheiro de estar em teus braços. Palavras afoitas de um tempo remoto. Tentando guardar na memória os gestos, letras, carinho. Para depois me assentar junto ao tempo e relembrar nossa história...

Pâmela Carla Himmeôn
Enviado por Pâmela Carla Himmeôn em 15/08/2014
Reeditado em 15/08/2014
Código do texto: T4924114
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