PUREZA




Caminho por entre flores
Curtindo das prímulas primores
Aquele pássaro no ninho
Recorda-me que já fui menino
Tentando adivinhar
O que dentro do ninho há
Se ovos, penas, gravetos,
Ou apenas filhotinhos.
Depois  observo às crianças
Que brincam na varanda
As mães preocupadas gritam
Perdem até o equilíbrio
Crianças inocentes vivem
No seu mundo imaginário
Simbolismo extraordinário
Não entendem os gestos eufóricos
Dos neuróticos anônimos
Seus olhares revelam
Se foram amadas ou não
Há semblantes tristes, alegres
Descontraído, retraídos
Feridos e desprovidos
Mas apesar de tudo isso
Todas as crianças são
Alegres por natureza
Espontâneas por condição
Ao prestar bem atenção
Elas têm tanto a nos instuir
Na sua simplicidade contundente.
Na sua pureza angelical, dom natural,
Dádiva transcendental
Vamos amá-las efetivamente
Para que possam crescer
Sadias e independentes
Com autonomia capaz
De realizar o bem
Por opção e compreensão
E não por pura obrigação
Autoritarismo que não mata
Deforma a mente e o coração.