Filho adolescente
De repente ele te olha com um olhar diferente, um olhar que se desprende... que você olha, olha e a princípio não entende.
De repente, ele te vê diferente, enxerga coisas que antes não via e demonstra até que compreende.
E então você percebe que há algo de errado, algo que não condiz com seu olhar, talvez seja o jeito, talvez a voz que está mudando, o tamanho, a altura a grandeza no pensar...
De repente, ele te sorri com aquela malicia de quem guarda segredinhos no canto da boca e pretende não contar.
E você se dá conta de que ele não vai correr para seus braços se algo o machucar, nem virá chorando pedir colo, nem vai se proteger ao te abraçar.
De repente você sente que há algo de muito diferente no seu andar, na sua postura, no seu modo de falar e se lembra de quando aquele menino fazia beicinho ao te chamar.
E se obriga a olhar pro presente e vê-lo de outras formas, vê-lo de um jeito ausente...
É difícil a princípio perceber que teu aconchego já não é mais, assim tão necessário, que a conversa é mais inteligente e que há em seus olhinhos algo que não se explica, apenas se entende.
Então se pergunta quando foi que ele cresceu tão rápido, quando aprendeu a tomar decisões sozinho, como foi que descobriu as malícias das piadas que não deixávamos ouvir.
Percebe que não é mais um menininho e que não poderá estar presente em todos os momentos para protege-lo e que restará apenas rezar!
E então ao olhá-lo novamente, terei que suportar!
Vou aprender que não posso ligar toda hora ou falar perto dos amigos que é pra ele se agasalhar, vou entender que não se deve dar um beijo perto das meninas, tenho que me segurar!
E a partir de agora me contento com sua companhia nas leituras, nos filmes debaixo das cobertas e com sua conversa na hora do jantar.
Tenho que me agarrar a isso, já que ontem ele era meu menininho e amanhã a vida vai fazê-lo seguir seu caminho e eu não poderei acompanhar!