SOLIDÃO
Era um dia frio,
tão frio como minh'alma solitária, e a chuva que caia tão lenta,
sem pressa de ir embora, parecia sem destino como eu, vagando, molhando e regando plantas homens, plantas gente.
E as pessoas que passavam por mim, nem me viam, escondidas atrás de enormes guarda-chuvas, encolhidas dentro de suas capas, tropeçavam uns nos outros mas não se olhavam, eram apenas manchas cinzentas confundindo-se com a escuridão deste dia, e eu sem guarda- chuva, sem capa e sem pressa...
Uma sensação estranha percorria minhas veias e aquecia meu coração, uma alegria triste, uma dor não doída, como a dor da saudade.
Eu me sentia por inteiro. A roupa molhada colando no corpo,
as gotas da chuva escorrendo no cabelo, no rosto, como se fossem lágrimas, aliviando o coração, sem que eu precisasse chorar.
Eu existia, Estava ali! sentindo tudo, sentindo a solidão, não era um vulto que passava, caminhava sem rumo apenas por caminhar, e enquanto eu caminhava, a chuva insistia em me acompanhar.