Pássaro de orvalho
Pássaro de orvalho
Foi fincando os olhos ávidos de vida
no sulco que o céu de milagres encheu,
que meu coração tremeu recordando
de um belo sonho preguiçoso, só seu!
Sonhava e delirava incendiando a noite arredia,
o supremo Sol de Beleza gerando os segredos
do infinito vergel de indecifráveis encantamentos,
quando uma voz sulcada me semeou os oídos.
A seu apelo de bênção sublime, estremeceu
subindo e subindo este coração sonhador
fulgurante, sua vereda alargando. Suspirei!,
enquanto as vagas celestes me conduziam
ao agouro do canto de aves ruindo sombra,
e adentrei nos dons que o Mistério empresta
à alma etérea, para que vagueie mais libera
na glória alvejada por plácidas emoções!
E o amanhecer, pássaro de orvalho gotejante
abriu as asas para a nova janela dominadora
das claridades mortas da malha noturna,
e chegou vestindo a Luz nos olhos acesos!
Inês Marucci
Brasil-07.05.2007