Esperar.

A vida é a sempre uma esperança.

Esperamos o cair da noite, procurando despedidas no horizonte e deixamos que nos cheguem as estrelas, a Via Láctea, a lua se quiser vir. E esperamos a madrugada se insinuando como se o mundo encolhesse e nos tornássemos gigantes por entre o silêncio e a solidão.

Ficamos esperando o sol raiar. Colocamos no amanhecer novas esperanças. Esperar o dia, esperar, quem sabe, quem ainda não chegou? Ou esperamos a volta de quem já partiu? Ausência e saudade...

Que venha a luz, que se dourem os espaços, que se completem as esperas! E o novo dia passa e a espera continua... Possuídos por medos, na posse do tudo, ou de um só instante, os nossos silêncios sussurram palavras e os corpos perdidos nos pedem sinais.

Desesperos, gritos de mim, fugas, descanso, remanso, as idéias dormindo, domínio de agitados desejos.

O que somos diante desta eternidade que nos vê e nos espera? Acreditamos, oramos e é sempre a esperança que nos faz continuar. Continuamos orando, acreditando e não percebemos que o esperar, mesmo em orações, mesmo em credos, só nos faz sofrer na continuidade da espera.

E esperando, e que nos embale a esperança, que nos valham, pelo menos, os sonhos que nos colocaram neste infinito esperar.

Ida Satte Alam Senna
Enviado por Ida Satte Alam Senna em 05/05/2007
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