"Não bebi, não te amei, não toquei..."

A mente tumultua o sono mais pesado; faz da noite um tormento em causa e estado. Insonia deveria ser bem-vinda somente em noites de desejo, caso contrario não abra nem a porta. Mas o que tumultua a mente são os desejos. Querer tudo é também um pré sentimento de que não terá nada, e se nada te satisfaz eis ai uma noite mal dormida, um dia mal passado, e um café amargo ao fim da tarde. Não querer tudo é o primeiro passo para se ter tudo; mesmo que pela manhã te sobre a ressaca de pensamentos, sempre haverá outro dia [mas hoje não, fecha a cortina!]. Quero a neblina, quero todos os desejos em detalhes e cortejos. Dividir-me em um só, é contraditório e só. Agonias vem e vão, mas um café amargo sobra, uma pele pálida volta, e um irracional desejo se isola. Mesmo não bebendo, naquela noite pensei em me afogar em um Uisk barato [melhor arder a garganta do que a cabeça!]; e eu que não amo você, naquela mesma noite brinquei de amar. Parecia uma música arranhada tocada em um violão empenado, faltavam cordas, a palheta estava desgastada, mas eu insistia em tocar [teimosia ou coragem?]. Envelheci mais 10 anos enquanto escrevia. Não bebi, não te amei, não toquei, apenas envelheci.

Gabi Cristy S
Enviado por Gabi Cristy S em 22/02/2014
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