Despedida de Caracas
Entre o primeiro e este último capítulo, quarenta páginas de relatos...
A hora de ir embora está chegando e eu saí para o Centro a fim me despedir da cidade. Peguei um ônibus e fui direto para a Avenida Urdaneta, ponto que eu já conhecia. Fui tirando fotos das casas e prédios. O ônibus mais lento que de costume e bem vazio. Perto do meu ponto entrou um rapaz com uma caixa de som portátil e começou a falar sobre Deus, drogas, pessoas que moram na rua, falta de solidariedade e outros assuntos. A princípio pensei que era um vendedor ambulante, como existem aos milhares em Salvador e em São Paulo, que entram nos ônibus oferecendo desde caneta a chocolate. Mas não era. Lá pra tantas, resolvi filmar, mesmo achando que talvez ele não gostasse. Pelo contrário. As pessoas doavam dinheiro a ele e eu também contribuí com dois bolívares.
Ele se aproximou de mim e perguntou se eu tinha filmado, eu assenti; indagou se havia gravado também o som. Ele tinha feito uma espécie de hip-hop, ou rap (sempre me confundo com estes estilos). Respondi que gravei tudo e que iria postar no Youtube. Ele me pediu o número do meu fone (Achou que eu era venezuelano. Ponto pra mim, risos). Eu lhe disse que era brasileiro e lhe dei meu e-mail para que ele entre em contato e eu lhe envie o link do vídeo.
Desci uns três pontos depois do usual e voltei andando. Achei linda a paisagem. Calçadas largas e trânsito fluindo bem rápido. O caos é só no Centro mesmo.
Fui direto para o lugar de sempre, Plaza Bolívar e Centro Comercial Capitolio. Andei várias ruas do centro, olhei mercadorias e o movimento das pessoas como se fosse um formigueiro. Voltei à Plaza de Bolívar e vi que uma banda militar iria tocar por ali. Segui para o Teatro Principal e fui assistir a peça “Pesebre Criollo”, sobre o nascimento de Jesus. Amei. O ingresso custou vinte bolívares. Me emocionei várias vezes e me senti em casa. O teatro é lindo, bem arrumado, o som de boa qualidade. Dali, fui para a Casa Amarilla, assistir ao grupo musical “Los Cóndores de la Gaita”. Amei, fiquei fascinado e emocionado, de novo. Estou me emocionando demais, risos.
Terminada a apresentação, voltei para a Plaza Bolívar que já estava repleta de gente e de policiais. A apresentação da banda militar começou e eu me aproximei, adorei. Na praça foram servidos café, chocolante e chá mate gelado. Entrei na fila várias vezes... Antes de terminada a apresentação eu segui viagem de volta ao hotel, andei vários quilômetros e depois peguei um buzu. No caminho, comi churrasco, ao preço de vinte e cinco bolívares. Antes de sair para o hotel, doei um bolívar a um pedinte. Devolvi a moeda que eu encontrei na cidade.
Quando vi o meu ônibus, dei a mão e corri. Segui até proximidades do hotel e desci no barzinho onde eu havia comido dias atrás. Pedi Ice Polar, cerveja deliciosa. Depois pedi “Chupeta de Pollo”. Achei que era algo diferente. Quando vi, eram pasteis de carne, encharcados de óleo e quente feito a desgraça. Acompanhados de molhos de dois sabores diferentes. O papel usado para pegar o pastel se encharcava de óleo, eu tinha que pegar outros a cada pastel. Depois da terceira cerveja eu já estava “burracho”, bêbado, paguei a conta e corri para o hotel, com vontade de fazer xixi.
Na entrada do hotel fui tirar uma foto do prédio, mas a máquina estava com a memória cheia. Deixei pra lá, mas escorreu um pouco de xixi perna abaixo. Lembrei de uma amiga que se mijou toda ao lado da Torrre Eiffel, em Paris, depois de não aguentar se prender, ouvindo piadas loucas que eu contava.
Entrei e segui para o quarto 504. A porta não abriu. Desci as escadas de incêndio correndo, com vontade de mijar ali mesmo, mas me controlei. Na recepção, eu falei a frase usando tudo direitinho, por osmose:
- La puerta de mi habitación no se abre.
- No se abre? Un momento.
O atendente colocou o cartão-chave em algum equipamento, voltou e me entregou.
- Gracias.
- OK.
Subi e deu tudo certo. Descobri que me apaixonei pela Venezuela. Não sei como farei para esquecê-la, se conseguir.
Entre o primeiro e este último capítulo, quarenta páginas de relatos...
A hora de ir embora está chegando e eu saí para o Centro a fim me despedir da cidade. Peguei um ônibus e fui direto para a Avenida Urdaneta, ponto que eu já conhecia. Fui tirando fotos das casas e prédios. O ônibus mais lento que de costume e bem vazio. Perto do meu ponto entrou um rapaz com uma caixa de som portátil e começou a falar sobre Deus, drogas, pessoas que moram na rua, falta de solidariedade e outros assuntos. A princípio pensei que era um vendedor ambulante, como existem aos milhares em Salvador e em São Paulo, que entram nos ônibus oferecendo desde caneta a chocolate. Mas não era. Lá pra tantas, resolvi filmar, mesmo achando que talvez ele não gostasse. Pelo contrário. As pessoas doavam dinheiro a ele e eu também contribuí com dois bolívares.
Ele se aproximou de mim e perguntou se eu tinha filmado, eu assenti; indagou se havia gravado também o som. Ele tinha feito uma espécie de hip-hop, ou rap (sempre me confundo com estes estilos). Respondi que gravei tudo e que iria postar no Youtube. Ele me pediu o número do meu fone (Achou que eu era venezuelano. Ponto pra mim, risos). Eu lhe disse que era brasileiro e lhe dei meu e-mail para que ele entre em contato e eu lhe envie o link do vídeo.
Desci uns três pontos depois do usual e voltei andando. Achei linda a paisagem. Calçadas largas e trânsito fluindo bem rápido. O caos é só no Centro mesmo.
Fui direto para o lugar de sempre, Plaza Bolívar e Centro Comercial Capitolio. Andei várias ruas do centro, olhei mercadorias e o movimento das pessoas como se fosse um formigueiro. Voltei à Plaza de Bolívar e vi que uma banda militar iria tocar por ali. Segui para o Teatro Principal e fui assistir a peça “Pesebre Criollo”, sobre o nascimento de Jesus. Amei. O ingresso custou vinte bolívares. Me emocionei várias vezes e me senti em casa. O teatro é lindo, bem arrumado, o som de boa qualidade. Dali, fui para a Casa Amarilla, assistir ao grupo musical “Los Cóndores de la Gaita”. Amei, fiquei fascinado e emocionado, de novo. Estou me emocionando demais, risos.
Terminada a apresentação, voltei para a Plaza Bolívar que já estava repleta de gente e de policiais. A apresentação da banda militar começou e eu me aproximei, adorei. Na praça foram servidos café, chocolante e chá mate gelado. Entrei na fila várias vezes... Antes de terminada a apresentação eu segui viagem de volta ao hotel, andei vários quilômetros e depois peguei um buzu. No caminho, comi churrasco, ao preço de vinte e cinco bolívares. Antes de sair para o hotel, doei um bolívar a um pedinte. Devolvi a moeda que eu encontrei na cidade.
Quando vi o meu ônibus, dei a mão e corri. Segui até proximidades do hotel e desci no barzinho onde eu havia comido dias atrás. Pedi Ice Polar, cerveja deliciosa. Depois pedi “Chupeta de Pollo”. Achei que era algo diferente. Quando vi, eram pasteis de carne, encharcados de óleo e quente feito a desgraça. Acompanhados de molhos de dois sabores diferentes. O papel usado para pegar o pastel se encharcava de óleo, eu tinha que pegar outros a cada pastel. Depois da terceira cerveja eu já estava “burracho”, bêbado, paguei a conta e corri para o hotel, com vontade de fazer xixi.
Na entrada do hotel fui tirar uma foto do prédio, mas a máquina estava com a memória cheia. Deixei pra lá, mas escorreu um pouco de xixi perna abaixo. Lembrei de uma amiga que se mijou toda ao lado da Torrre Eiffel, em Paris, depois de não aguentar se prender, ouvindo piadas loucas que eu contava.
Entrei e segui para o quarto 504. A porta não abriu. Desci as escadas de incêndio correndo, com vontade de mijar ali mesmo, mas me controlei. Na recepção, eu falei a frase usando tudo direitinho, por osmose:
- La puerta de mi habitación no se abre.
- No se abre? Un momento.
O atendente colocou o cartão-chave em algum equipamento, voltou e me entregou.
- Gracias.
- OK.
Subi e deu tudo certo. Descobri que me apaixonei pela Venezuela. Não sei como farei para esquecê-la, se conseguir.