AMOR, NÃO HÁ
Tenho feito falta - não que alguém sinta -, mas tenho tido ausência nos encontros que marquei com o êxito. Disse que seria bom, mas, talvez, eu estivesse bom. Estar é como ser, mas por tempo determinado. Não digas, nunca, que amas... Afinal, amor é condição, é estado temporário de espírito, é desequilíbrio hormonal que logo se estabiliza e, sendo assim, o amor não é, mas está. E acaba. Não há amor que seja tão duradouro quando o ciclo de uma vida, nasces e não amas, vives e talvez tenhas algum tipo de amor, mas quando morres, retornas a condição humana de não amar a nada e não viver por nada. Espera-te ansioso no leito da morte o dia em que servirá de alimento aos decompositores da terra. Sobrará, quem sabe, todos os teus fracassos.
Falhei. Em tudo. De novo. Falhei comigo. E com quem mais acreditou em mim. Falhei como de costume. Agora acabaram-se as esperanças. Tenho feito promessas que sei, com toda minha ignorância, que são inexequíveis; faço-as para que perpetue a esperança que tive. Passo a responsabilidade de sonhar para alguém, qualquer outro tolo que tenha combustíveis totalmente humanos para sonhar, assim como tive. O sonho de doutor, talvez um franciscano, não cumpri e nem vou. A diplomacia, provavelmente não conquiste. Para o amor, efêmero, não há posse. Não há possibilidade de tê-lo com a certeza de que será realmente teu, já que a avaliação de posse é tão inerte a capacidade do homem que dá a falsa sensação de conhecê-lo. Não conheces o amor; não sabes amar. Não há quem saiba, nem mesmo Camões, quem dirá Cristo... Ninguém amou, de fato, um dia. Houve sentimentos que - confundidos, obviamente - foram tidos como amor. Não há amor na humanidade.